terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estudantes da USP poderão ser transferidos para presídios

Foto Reuters Nacho Doce SÃO PAULO - Os estudantes detidos durante a ocupação da reitoria da USP só serão liberados se pagarem fiança, no valor de R$ 545, equivalente a um salário mínimo. Quem não pagar vai dormir na carceragem da 3ª Delegacia Seccional (Oeste) de São Paulo e será transferido nesta quarta-feira para o Centro de Detenção Provisória (CDP) Belém II, na Zona Leste da capital paulista. Os estudantes estão sendo qualificados e indiciados por dano ao patrimônio e desobediência à ordem judicial. Dos 25 ouvidos até o momento no 91º Distrito Policial (Ceasa), nenhum deles quis prestar esclarecimentos à polícia, dizendo que só iriam falar em juízo, de acordo com o delegado seccional Djair Rodrigues.

FotosVeja imagens da desocupação
Saiba também:Estudantes protestam e pedem liberação de colegas - Estão sendo interrogados. Foram formuladas 12 perguntas. Eles estão se recusando a prestar esclarecimento, reservando-se ao direito de só falar em juízo - diz o delegado.
Nesta tarde, a mãe de uma estudante presa na reintegração de posse da reitoria foi detida por desacatar um policial militar da Tropa de Choque. Ela teria ofendido o PM por ele ter repreendido um aluno que ligou o giroflex do ônibus onde os estudantes da USP aguardam para serem autuados. O veículo está estacionado no pátio do 91º Distrito Policial.
Os estudantes não foram indiciados por formação de quadrilha, como havia dito a polícia. O advogado Vandré Paladini entrou com habeas corpus para tentar liberar os alunos detidos. O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) informou que arrecadou com algumas entidades o dinheiro do pagamento da fiança, mas aguarda a decisão da Justiça.
A carceragem da delegacia, localizada na Zona Oeste, tem capacidade para 40 pessoas, em quatro celas.
Policiais montaram uma barreira na entrada do distrito policial, para evitar protesto de um grupo de estudantes que saiu em passeata do campus da USP. Os 70 estudantes presos - 24 mulheres e 46 homens -permanecem em três ônibus da PM, em frente à delegacia, até serem fichados e indiciados. Nesta tarde, eles deixavam o veículo em grupos de cinco pessoas, eram ouvidos, fichados pela polícia e retornavam ao ônibus.
A Polícia Militar diz que apreendeu material que poderia ser utilizado para uma possível resistência dos estudantes da USP no prédio da reitoria. Entre as apreensões estavam sete garrafas de coquetel molotov, seis caixas de morteiro 12 tiros e um galão com cinco litros de gasolina.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que os estudantes que ocuparam a reitoria deveriam ter aula de democracia. O governador ressaltou que é lamentável e inadmissível ter de utilizar a polícia para fazer cumprir a decisão judicial de desocupar o prédio.
- Os estudantes precisam ter aula de democracia, precisam ter aula de respeito ao dinheiro público, respeito ao patrimônio público. Não é possível depredar instituições que foram construídas com o dinheiro da população que paga impostos. Eles precisam ter aula de respeito a ordem judicial - disse.
A assessoria de imprensa da USP disse que a universidade deve se pronunciar nesta quarta-feira sobre possíveis punições aos alunos invasores e prejuízos causados pela ocupação do prédio da reitoria.
Nesta manhã, cerca de 500 alunos realizaram uma manifestação em frente aos prédios da Reitoria da USP, em protesto contra a prisão dos colegas que ocupavam o prédio da universidade. Policiais do Batalhão de Choque montaram uma barreira para garantir a ordem no local. Um helicóptero da PM sobrevoou o campus da universidade.
Policiais encontraram rojões dentro da reitoria invadida - Foto de Michel Filho/O Globo Os manifestantes, na maioria alunos dos cursos de Filosofia, Letras e Ciências Sociais, carregavam cartazes com o dizeres: "É preciso repensar a educação. PM não é a solução".
A ocupação da reitoria começou na madrugada da quarta-feira passada. A USP foi à Justiça e pediu reintegração de posse, que foi concedida. O prazo para desocupação venceu às 23 horas de ontem, mas foi desobedecido. Por volta de 5h desta madrugada, 400 policiais militares da Tropa de Choque retiraram os estudantes.
Em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, o delegado disse que os estudantes vão responder a dois inquéritos paralelos. Um deles, que trata da invasão da reitoria, indicia os estudantes invasores por desobediência ao mandado judicial de reintegração de posse e dano ao patrimônio público.
No outro inquérito, os alunos irão responder pela depredação das viaturas das polícias civil e militar.
Desocupação ocorreu sem resistência
Os policiais militares da Tropa de Choque, com apoio de helicópteros, invadiram a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) por volta de 5h10m desta terça-feira. Segundo a coronel Maria Aparecida Carvalho Yamamoto, responsável pela comunicação da Polícia Militar, não houve resistência no cumprimento da reintegração de posse do prédio. Não há informações de feridos e não houve confronto, já que os estudantes foram surpreendidos enquanto dormiam.
- Eles foram pegos de surpresa pela polícia - disse Maria.
Estudantes protestaram contra presença do Choque na USP após desocupação da reitoria - Foto de Michel Filho/O Globo Mesas, computadores e fios de telefone foram danificados no primeiro andar da reitoria, que estava ocupado pelos alunos. A polícia diz ter apreendido coquetéis molotov na reitoria, além de morteiros, gasolina e garrafas de bebida alcoólica. Alguns estudantes da USP estão reunidos na Praça do Relógio e fazem uma assembleia.
Os estudantes ocuparam a reitoria em protesto contra a presença da Polícia Militar no campus da universidade. Inicialmente, eles ocuparam o prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH). Uma assembleia decidiu pela desocupação, mas outro grupo resolveu invadir a reitoria, por discordar da decisão.
Na noite desta segunda-feira, cerca de 350 alunos fizeram uma assembleia por volta de 23h e decidiram manter a ocupação da reitoria, desobedecendo a ordem judicial. Logo após a assembleia, eles chegaram a agredir jornalistas que faziam a cobertura no local, arremessando paus e pedras.
O convênio entre a USP e a PM foi firmado após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, assassinado dentro do campus em 18 de maio deste ano. A oposição à presença dos policiais no campus ocorreu depois que três estudantes foram detidos fumando maconha dentro do campus.
Na semana passada, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, que concedeu a reintegração de posse, havia autorizado, "como medida extrema", o uso de força policial. Ela ressalvou, no entanto, que contava "com o bom senso das partes e o empenho na melhoria das condições de vida no campus".
Ontem, o professor Wandeley Messias da Costa, superintendente de relações institucionais, admitiu que o acordo não estabelece limites para atuação da PM.


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