Apesar de os governadores de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não terem sido
acuados nos depoimentos que prestaram à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional,
o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, impôs a ambos um desgaste
político nesta quarta-feira.
O chefe do Ministério Público Federal confirmou
ter pedido nesta terça ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de dois
inquéritos contra o governador petista e um contra o tucano. Todos os casos
correm em segredo de justiça.
Contra Agnelo e Perillo, o procurador-geral vê
indícios de crimes relacionados à operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que
desbaratou um esquema de exploração de jogos de azar e cooptação de autoridades
públicas e privadas pelo bando do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Para ele, estão mal explicadas questões como a
venda da mansão de Perillo ao empresário Walter Paulo, em Goiânia, com uma
suposta intermediação do contraventor. No caso de Agnelo, as suspeitas dão
conta, por exemplo, de haver possibilidade de irregularidades no governo do DF
pelo fato de o ex-chefe de gabinete do petista, Cláudio Monteiro, receber
propina da quadrilha do contraventor para facilitar a infiltração da construtora
Delta no governo local.
Ao STJ, Gurgel ainda pediu a abertura de outro
inquérito contra o governador do Distrito Federal por supostas irregularidades
na época em que ele era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
À CPI, Agnelo Queiroz disse hoje abrir mão de
seus sigilos bancário, fiscal e telefônico para comprovar que ele não mantinha
relações escusas com o contraventor Cachoeira.
O governador também disse manter a confiança em
Cláudio Monteiro. Agnelo também sustentou a tese de que não houve cooptação de
seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos.
Admitiu, no entanto, ter se encontrado uma vez
com Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do bicheiro quando
era diretor da Anvisa.
Em depoimento na CPI do Cachoeira, Marconi
Perillo negou ter participado de qualquer esquema fraudulento na venda de sua
casa em Goiânia e disse que, se houve irregularidades na venda do imóvel, elas
se devem ao ex-vereador Wladimir Garcez, intermediário da negociação.
Afirmou também que não pode responder por
terceiros que usaram seu nome "de forma irresponsável".
Negou ter atendido aos interesses da quadrilha
em seu governo e disse não ter qualquer proximidade com Carlinhos Cachoeira, a
quem classificou como um “empresário”.
*Por Elza Fiúza/ABr, na Veja on
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