Lula pediu perdão aos brasileiros pelo
escândalo do mensalão
Em 12 de agosto de 2005, um dia depois do
depoimento do publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios, a lama do mensalão
aproximou-se do pescoço do presidente Lula. O marqueteiro do rei confessara que
precisou abrir uma conta num paraíso fiscal para receber alguns milhões de
dólares pelos serviços prestados ao candidato do PT na campanha eleitoral de
2002. A incorporação de mais dois tópicos ao prontuário da quadrilha ─ lavagem
de dinheiro e evasão de divisas ─ fez a temperatura política aproximar-se do
ponto de combustão.
Ameaçado pela perda do emprego, o presidente
enfim se animou a tratar em cadeia nacional do caso que estarrecia o país desde
6 de junho, quando o deputado Roberto Jefferson denunciou o colosso de
bandalheiras numa entrevista à Folha. Nos 67 dias seguintes, Lula não enxergou
nenhum golpe forjado pela oposição, com o apoio das elites e da imprensa. Só viu
motivos para pedir perdão aos brasileiros.
“Eu me sinto traído, traído por práticas
inaceitáveis, das quais não tive conhecimento”, diz já no começo do vídeo de
1min32 . Faz de conta que não soube de nada. Já era alguma coisa admitir a
ocorrência de “práticas inaceitáveis”, outro codinome da velha ladroagem. “Não
tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos de pedir
desculpas”, reconhece segundos adiante. “O PT tem pedir desculpas. O governo,
onde errou, tem de pedir desculpas”.
Em outubro de 2008, resolveu que não havia
desculpas a pedir: o mensalão nunca existiu, começou a recitar. A história do
golpe imaginário apareceu no ano seguinte. De lá para cá, o pecador espertalhão
capricha na pose de vítima. Só não exigiu que os brasileiros lhe peçam desculpas
porque seria convidado a rever o vídeo em que pediu perdão. Só faz isso quem
sabe que pecou.
* Augusto
Nunes .....
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