Assim que percebi a turminha do DCE do
Tuíter™ repassando uma notícia positiva sobre o Bolsa Família, fui aos
números e vi o truque. Em vez de abordar percentual de êxito, a manchete
alardeada trazia um número desvinculado do total de atendidos pelo
programa.
A vitória aparece
de maneira gritante: “mais de 1.6 milhão de casas abriram mão do
benefício”. Muito? Um milhão e meio de famílias, sem dúvida, formam um
número razoável se visto de maneira absoluta. Mas seria algo a ser
comemorado diante do total de atendidos? Não, nunca.
Isso porque esse montante corresponde a
cerca de 12% dos beneficiários do “Bolsa Família”, uma taxa de êxito pra
lá de ridícula, exígua, praticamente uma prova cabal de que o programa
não teve eficácia nesses dez anos.
Troquem “Bolsa Família” por qualquer
outro exemplo da vida prática, sei lá, um remédio para tratar
determinada doença. Se apenas 12% dos pacientes são curados, esse
remédio não funciona, e os 88% de pacientes sem cura são prova cabal da
ineficácia.
E falamos aqui de DEZ ANOS de “Bolsa
Família”, não de alguns meses. Já teria dado tempo – como de fato deu,
para alguns – de tirar mais famílias da faixa da miséria, CASO FOSSE
MESMO um programa efetivo. Mas não é. A grande maioria permanece
miserável (88%!)
Podemos dizer que foram dez anos
desperdiçados num programa assistencialista que praticamente não
resolveu nada. Os números dizem isso, gritam isso, apontam isso de forma
inescapável – por mais que se tente pegar como “exemplo de sucesso” uma
taxa de acerto péssima.
Vale lembrar que o “Bolsa Família”
atende casos extremos: R$ 140 de renda MENSAL por pessoa. Temos,
portanto, que 88% dos beneficiários continuam ganhando MENOS do que isso
mesmo após os DEZ ANOS de implantação do programa. Não se trata de sair
da faixa de pobreza, mas de um fiasco quanto a tirá-los da faixa da
MISÉRIA.
Mas ainda acredito na ingenuidade de
parte da turma do DCE das redes sociais, pois não é uma galera conhecida
pelas habilidades em ciências exatas. De todo modo, os números são
esses: de cada 100 famílias atendidas nos últimos dez anos, 88 continuam
miseráveis. Aceitem: deu errado. Reconheçamos: é preciso repensar esse
programa.
Falta fiscalizar contrapartidas? Faltam
ações de fomento às economias locais? Cabe ao governo estudar e
implantar as medidas necessárias, mas obviamente a forma atual do “Bolsa
Família” é um fracasso, agora registrado em números pela própria
administração federal.
Usar a exceção como se fosse regra pode
funcionar como propaganda partidária, mas é contraproducente quanto à
melhora da situação dos miseráveis – a menos, claro, que se queira
manter o quadro atual. Parece que há quem queira;;;;
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