quarta-feira, 9 de julho de 2014

ALEMANHA 7X1 BRASIL ...

ALEMANHA 7X1 BRASIL
Hoje, é um dia histórico para o Brasil. A derrota por 7x1 para a Alemanha, na semifinal da Copa de 2014, é o pior resultado da história do futebol brasileiro e o final de um sonho de 200 milhões de brasileiros, de sermos o único país hexacampeão de futebol no mundo.
Hoje, alem da derrota para a Alemanha, foi o dia da de derrota do jeitinho brasileiro, diante da seriedade e disciplina alemãs. Foi o dia em que uma seleção cuja base vem sendo formada há 6 anos, derrotou um time de jogadores meninos, onde o craque do time tem 22 anos de idade. Onde na preparação da seleção alemã, eles ficaram 3 meses treinando e se preparando, contra um time que mal treinou, que não tinha jogadas ensaiadas, onde tudo foi feito no improviso e no famoso jeitinho.
O futebol brasileiro é o retrato da sociedade brasileira. Um país que canta o hino nacional, e pela metade, somente nos dias de jogo da Copa. Onde vestir as cores da camisa amarela, carregar bandeira do país, é somente um ato para os dias de jogo da seleção. Onde o sentimento de brasilidade somente aflora de quatro em quatro anos, onde o orgulho de ser brasileiro é cantado nos campos de futebol, não nas ruas em dias de eleição. Aliás, temos poucos motivos para nos orgulharmos de sermos brasileiros no dia a dia.
Por um breve momento, nos idos de 2008, o Brasil e os brasileiros, tivemos um momento de sonho, de acreditarmos que nós podíamos nos tornar-mo-nos um pais desenvolvido, onde a promoção da Copa do Mundo no país seria a redenção do país grande, moderno, desenvolvido. Queríamos transformar o país por decreto, acreditando nas palavras de um presidente analfabeto, ufanista, que gosta de usar as metáforas futebolísticas para exemplificar suas ideias, com a promessa de que teríamos 13 capitais que seriam transformados do dia para a noite em cidades modelo, com aeroportos novos, com viadutos e avenidas largas, com trens e metros de superfície, que transformariam as ruas congestionadas em exemplo para o mundo, com uma modernidade que iria surpreender a todos, com o salto qualitativo que o país daria em menos de 6 anos. Que teríamos arenas e estádios todos reformados, modernos, limpos e com um tapete verde, onde a bola rolaria e mostraria quão diferentes nós éramos da imagem preconceituosa que o mundo todo tinha e tem do Brasil e dos brasileiros. Por um momento, acreditamos que tudo isso seria possível. Quando percebemos que as promessas seriam apenas isso, promessas de um político mentiroso, como sói acontecer por estas bandas, começamos a ficar desesperados, pois os estádios não ficavam prontos no prazo prometido. E dê-lhe passar ao arrepio da lei e das normas de seguranças, com operários morrendo, despencando das alturas, guindastes caindo sobre pessoas, por total falta de obediência as mínimas normas de segurança trabalhista. E dê-lhe vista grossa dos fiscais dos setores responsáveis. Os estádios foram reformados todas com superfaturamento, saindo pelo dobro, triplo do orçamento inicial. Que já era astronômico. E temos uma Copa do Mundo mais cara que as da Alemanha e da África do Sul somadas. Só com os estádios, pois as obras do entorno ficaram todas na promessa.
De repente, um país que havia vaiado Dilma na abertura da Copa, começa a elevar seus índices nas pesquisas eleitorais, pois o brasileiro associa tudo com futebol. Se o time está jogando bem, está ganhando os jogos, palmas para a presidente. Não importa que a inflação esteja acima de 6,52 % ao ano, acima do teto de 6,5%, que é um índice vergonhoso. Não tem problema que a economia esteja patinando há anos, com índices de crescimento econômicos pífios, de menos de 2% ao ano, quando a China cresce a 10%. Quando o  Peru cresce a 6% ao ano. O desemprego crescendo para todo lado, e os índices oficiais apontando queda no desemprego. Tudo neste país é uma mentira.
A derrota por 7x1 para a Alemanha, é uma derrota da alienação mental que toma conta de todos nós, que achamos bonito um país que distribui 14 milhões de bolsas famílias, criando um universo de 50 milhões de pessoas com voto comprado, para continuar votando nos candidatos do governo e da situação. Um curral eleitoral gigantesco, muito pior que nos tempos a República Velha, onde as eleições eram ganhas sob a ameaça de revólveres e espingardas dos coronéis de ocasião.
A derrota por 7x1, é a derrota da corrupção generalizada na sociedade brasileira, que acha normal subornar o guarda para não tomar multa, que acha normal furar fila, que acha certo prevalecer no trânsito pelo tamanho de sua caminhonete, em cima dos fusquinhas. Que acha normal falar ao celular enquanto dirige, beber até cair e sair dirigindo, matando pessoas inocentes. É a derrota de um país, onde prevalece o “Você sabe com quem está falando?”
A derrota por 7x1 é a derrota do país que mata mais jovens por violência, por tiro, facadas, acidentes de transito, do que muitas guerras. Onde a cultura do “salve-se quem puder”  impera todos os dias em todos os lugares, onde a violência está tão banalizada, que já não serve nem como noticia na mídia.
A derrota por 7x1 é a derrota de um país que acha normal que o deputado não seja punido, que o José Dirceu  e o José Genoíno são mártires de um sistema capitalista e elitista, que eles são mais do que bandidos comuns, que não são corruptos, que são vítimas de uma imprensa maldosa. E de uma elite preconceituosa.
A derrota por 7x1 é a derrota de um país, que cria duas CPI para não investigar o sumiço de bilhões de dólares da Petrobrás, que permite que uma das poucas razões de orgulho dos brasileiros tenha prejuízos de centenas de bilhões de dólares, que diminua seu valor de mercado para uma pequena fração do que era antes, por tantas ações desencontradas, tomadas por uma diretoria aparelhadas por políticos, que não entendem nada do riscado, que apenas sabem roubar e achincalhar uma empresa que deveria pertencer a todos nós.
Por tudo isso, acho que a derrota por 7x1 para a Alemanha poderá valer a pena, se o país puder aprender que, da mesma forma que no futebol, o mundo não tem mais lugar para o improviso, para o amadorismo, para o jeitinho, para o mau-caratismo. Que se realmente queremos deixar um país de verdade para os nossos filhos e netos, precisamos aprender com nossas derrotas.  Que se quisermos ser um país grandioso, rico e culturalmente evoluído, precisamos fazer um esforço todos os dias, que precisamos suar a camisa, precisamos estudar, precisamos investir o dinheiro com seriedade, que precisamos acabar com o sentimento de impunidade que gera tantos crimes, criar leis que sejam cumpridas de verdade e por todos, e que levemos com mais seriedade as questões relevantes para o país.
Que a imagem dessa derrota de hoje, possa fazer o brasileiro refletir sobre qual país nos queremos ser: O Brasil que leva de goleada, ou uma Alemanha, que com seriedade, veio aqui e nos deu uma lição tamanha, que tão cedo não vamos esquecer.
E VIVA O BRASIL!!!

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