Após reunião com Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, dirigentes do partido nos Estados divulgaram um manifesto revelador.
O texto indica que o PT não só acredita em vida depois da morte como
crê piamente que é esta que está vivendo. Após fenecer como partido, o
PT tenta a sorte como piada.
O
manifesto do PT anota a certa altura: “Como já reiteramos em outras
ocasiões, somos a favor de investigar os fatos com o maior rigor e de
punir corruptos e corruptores. […] E, caso qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas fileiras.”
É como se o partido
desejasse dar um banho de gargalhada no país. A última vez que o PT
declarou-se a favor de apurações rigorosas foi antes do julgamento do
mensalão. Sentenciada, sua cúpula passou uma temporada enjaulada na
Papuda. E não há vestígio de expulsão. Ao contrário.
Vítima
de um expurgo cenográfico na época da explosão do escândalo, Delúbio foi
readmitido nos quadros da legenda. Com as bênçãos de Lula. Dirceu e
Genoino são cultuados nos encontros partidários como “guerreiros do povo
brasileiro”.
Noutra
evidência de que o cotidiano do petismo é uma tragédia que os petistas
vivem como comédia, o manifesto aponta a existência de “uma campanha de
cerco e aniquilamento”, na qual vale tudo para acabar com o PT,
“inclusive criminalizar” a legenda. A cruzada antipetista é realmente
implacável.
Deve-se a criminalização do PT aos petistas que, ocupados em salvar o país, não tiveram tempo de ser honestos. A
Procuradoria da República e o juiz Sérgio Moro elegeram como inimigo
número 1 da honra petista o tesoureiro João Vaccari Neto. José Dirceu,
reincidente, está na bica de ser convertido em inimigo número 2.
Noutro
trecho, o manifesto sustenta: “Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não
suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria
extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos
tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas
universidades.” Trata-se de uma reedição do velho discurso do “rouba
mais faz”. Só que num formato bem mais divertido.
“Não
toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de país tenha
sido vitorioso nas urnas”, acrescenta o texto, numa cômica injustiça com
os 13% de brasileiros que, segundo o Datafolha, ainda consideram Dilma
Rousseff ótima ou boa três meses depois da segunda posse.
O
5º Congresso do PT, marcado para junho, deve “sacudir” a legenda, antevê
o manifesto. Anuncia-se a retomada da “radicalidade política” e o
desmanche da “teia burocrática” que imobiliza a direção partidária “em
todos os níveis”, levando o partido a habituar-se com o “status quo”.
Suspeita-se
que os redatores do manifesto tenham desejado dizer o seguinte: o PT
vai se auto-sacudir radicalmente, para combater seu próprio status quo.
De preferência, destruindo o status sem mexer no quo.
Uma coisa é preciso reconhecer: o ex-PT cada vez mais se dá bem consigo mesmo. O que é tragicamente cômico.
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