(Maria Lima, O Globo) O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta
segunda-feira que a única responsável se, por alguma decisão
institucional não conseguir concluir o mandato, é a própria presidente
Dilma Rousseff, e não a oposição. Ao retornar a Brasília, ele criticou a
tentativa do PT e da presidente de “dividir sua crise” com os
governadores, ao constrangê-los a participar de uma "reunião
desnecessária", na próxima quinta-feira, para discutir o projeto de
reforma do ICMS.
Na próxima semana o PSDB começa a veicular inserções de 30 segundos
convocando “os indignados” com a crise, a participar da manifestação
nacional marcada pelos movimentos de rua, para o dia 16 de agosto. O tucano negou que haja divisão no PSDB sobre o destino da
presidente, se deveria ser afastada por impeachment, cassação do diploma
da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou se ela deve cumprir
seu mandato até o fim. Aécio disse, entretanto, que o PSDB não pode
desconhecer a realidade das ruas e a indignação da sociedade.
Segundo
Aécio, apesar de se aproximar dos movimentos de rua para a manifestação
que se anuncia gigantesca, o PT e o governo erram o alvo ao culpar a
oposição por um eventual impedimento da presidente Dilma.— O que vai acontecer depende mais do governo e do PT do que dos
partidos de oposição. O que queremos é que as instituições funcionem e
façam o seu trabalho. Eu digo uma coisa: se um dia eu tiver a
oportunidade de ser presidente da República, será unicamente pelo
caminho do voto, não por outra saída qualquer. Mesmo porque ninguém
conseguirá enfrentar a profunda crise que atravessamos se não for
legitimado pelo voto. Para nós o calendário de 2018 sempre foi o mais
adequado, mas a presidente Dilma só agrava a situação a cada dia, o que
deixa a incerteza de cumprir seu mandato até o final — disse Aécio.
JULGAMENTO DE CONTAS NO TCU
Ele criticou a
condução dada ao processo das contas da presidente que serão julgadas
pelo Tribunal de Contas da União (TCU) pelo advogado geral da União,
Luís Inácio Adams, pela presidente e seus ministros. Chamou de
“patética” a entrevista de Adams dizendo que o julgamento tem de ser
técnico, mas afirmou que “por debaixo dos panos” estão constrangendo os
ministros e os governadores para agirem politicamente para impedir a
reprovação das contas.
— O constrangimento chega ao inimaginável de ameaças veladas e de
trazer a Brasília os governadores para dar apoio a presidente Dilma para
tirar uma fotografia e simular apoio por uma coisa com a qual não tem
nada a ver. Essa reunião é uma busca de socorro de alguém que quer que
lhe joguem uma boia salva-vidas. O que a presidente tem é de fazer um
mea-culpa para ver se recupera um pouco da credibilidade que ainda lhe
resta — criticou Aécio.
O presidente do PSDB diz que é natural que governadores se reúnam com
a presidente para discutir problemas administrativos. Mas nesse caso, a
reunião de quinta-feira não passa de uma tentativa de “cooptar” apoios
de setores da oposição, o que seria uma clara demonstração de
fragilidade do governo.
'FH DEU O TOM CERTO'
Sobre os recados dados
pelo Planalto de busca de um pacto pela governabilidade com as
oposições, Aécio disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu
o tom certo: não se dá socorro para salvar o que não deve ser salvo.
Ironizando , Aécio disse que o PT trava uma disputa desleal com o PSDB,
porque faz mais oposição ao governo Dilma do que todos os partidos de
oposição juntos.
— Fernando Henrique deu o tom certo: quem pariu Mateus que o embale.
Não nos culpem . A instabilidade que atravessam é obra desse governo.
Isso não é mais um governo. É um arremedo de governo e o desfecho da
presidente Dilma é responsabilidade exclusiva dela, não das oposições —
disse Aécio, completando.— Não se conversa com quem não se confia. E nós não confiamos no PT.
Com um levantamento das pedaladas fiscais, Aécio mostrou que entre
setembro, antes das eleições, e dezembro, depois de reeleita, a
presidente Dilma e a equipe econômica esconderam um buraco de R$100
bilhões nas contas do governo. — Isso é fraude. A presidente Dilma não deu a população brasileira a
oportunidade de fazer sua escolha com base na realidade que eles
esconderam — disse Aécio, comparando as pedaladas e maquiagem fiscal aos
crimes de colarinho branco. — Se o presidente de um banco pega o dinheiro dos correntistas para
pagar suas contas ele vai preso. Isso é muito fácil de ser compreendido.
Se eles não forem responsabilizados por isso vamos voltar ao tempo das
republiquetas — disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário