quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Rebaixamento do Brasil aumenta a pressão pela renúncia de Dilma

A pressão para que Dilma renuncie se tornará "praticamente insustentável", segundo matéria do jornal O Financista. Não há mais dúvida: a presidente búlgara está inviabilizada. A crise, repito, tem nome: Dilma.


A pressão pública pela renúncia da presidente Dilma Rousseff vai se tornar praticamente insustentável nas próximas semanas devido à perda do grau de investimento do Brasil. A decisão foi anunciada pela Standard & Poor’s na noite desta quarta-feira (9). “Grande parte da sociedade já percebia que o governo Dilma está inviabilizado”, afirma o cientista político Antônio Lavareda. “Agora, a perda do grau de investimento é o reconhecimento internacional dessa inviabilidade.”

A S&P credita o rebaixamento do Brasil para o grau de investimento diretamente à incapacidade de Dilma e sua equipe de superar a catatonia e apontar um rumo. No relatório em que comunica sua decisão, a agência afirma que a série de eventos que levou o governo a propor um orçamento com um rombo de R$ 30 bilhões para 2016 mostra, sobretudo, uma reduzida coesão do ministério de Dilma.

“Dada a magnitude dos desafios político, econômico e fiscal enfrentados pelo Brasil, assumimos que há um apoio frouxo do ministério para maximizar o poder de negociação do Executivo com o Congresso”, diz o relatório.

Cada vez mais isolada

Para Lavareda, toda essa situação vai desembocar nos calcanhares de Dilma. “A pressão pela renúncia da presidente vai crescer muito”, diz. Ela já gozava de pouquíssimo apoio popular, com seus minguados 7% de ótimo e bom entre os brasileiros. Mais de 60% da população defende o impeachment de Dilma, mas o processo institucional para cassar seu mandato é demorado e complexo – precisa, por exemplo, de apoio de 2 terços do Congresso para abrir o processo de cassação. É um quadro que leva juristas como o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a afirmar que o impeachment, atualmente, é inviável.

Nesta quinta-feira (10), os partidos de oposição lançarão uma frente suprapartidária que defenderá o impeachment e pressionará o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a desengavetar os pedidos apresentados à Casa. Para Lavareda, contudo, um gatilho que pode potencializar o movimento pela renúncia de Dilma pode vir do Tribunal de Contas da União (TCU), que julgará, no início de outubro, as contas do primeiro mandato – e a polêmica prática das pedaladas fiscais. Se as contas forem rejeitadas, ou aprovadas com ressalvas, haverá um bom pretexto. “A pressão sobre a presidente será fortíssima”, diz.

Lavareda não acredita, porém, que o governo possa usar o rebaixamento a seu favor, tentando jogar a opinião pública contra o Congresso, que resiste a aprovar aumentos de impostos. O cientista político lembra que é obrigação do Executivo construir uma maioria no Congresso e apontar caminhos para a economia.

Em meio à tempestade que desabará sobre o Palácio do Planalto, a partir desta quinta-feira, um personagem se fortalecerá: o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB, o aliado-adversário do PT no governo. “A sucessão tem um nome: Temer”, diz.

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