Cadê o chiclete? |
A velha revista britânica ainda acredita que há governo no Brasil. Ledo
engano. O monstro cambaleia por conta própria. Temer não consegue unir o
PMDB, representante do patrimonialismo brasileiro, que mostra várias
rachaduras. O edifício vai cair de podre:
O PMDB é a estrela da principal reportagem da editoria "Américas" da
revista britânica The Economist que chega às bancas neste fim de semana.
Com o título "O poder por trás do trono", a reportagem diz que o "sócio
menor do governo está tocando o País". Para a revista, o
vice-presidente Michel Temer tem exercido parcialmente o papel de
"primeiro-ministro" e Dilma Rousseff "precisará do PMDB mais do que
nunca se ela sobreviver até 2018".
A
reportagem explica aos leitores estrangeiros a presença do PMDB nos
diversos governos brasileiros desde a redemocratização. "Uma máxima da
política brasileira é que ninguém governa sem o PMDB", diz a revista, ao
comentar a composição do partido com diversos governos e a força do
grupo nos governos locais. A presença do partido na base governista,
porém, nem sempre é fácil. A reportagem lembra da recente ruptura do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo.
Mesmo com o esforço do partido de correr para avisar que a decisão do
deputado "era pessoal e não do partido", a Economist diz que o gesto de
Cunha preocupa a presidente Dilma Rousseff. "A senhora Rousseff
precisará do PMDB mais do que nunca se ela sobreviver até o fim de seu
mandato em 2018. Cada vez mais, eles têm tocado o show", diz a revista.
A Economist cita especialmente Michel Temer, que estaria exercendo
parcialmente o papel de "primeiro-ministro". "Joaquim Levy, o ministro
da Fazenda do corte de gastos, encontra-se com ele mais frequentemente
do que com a presidente, dizem assessores de Levy", cita a reportagem,
ao lembrar que lideranças do partido prometeram candidato próprio nas
eleições de 2018.
Apesar de reconhecer o papel crescente do PMDB, a Economist não
comprou a ideia de que o partido concorrerá efetivamente nas próximas
eleições presidenciais. "Isso pode ser conversa fiada". A revista nota
que o partido não tem candidato próprio desde 1994 e que, desde então, o
ocupante do Palácio do Planalto procura o PMDB "para apoio, mas não
para orientação sobre como governar o País".
Uma das razões pode ser a falta de uma linha ideológica mais marcada,
diz a revista. "O programa (do partido) transborda platitudes: sua
única posição firme é contra a pena de morte. É mais pró-negócios que
pró-mercado, mas muitas vezes faz lobby para benefícios locais e
específicos da indústria", diz a reportagem. Essa falta de força do
discurso ideológico faz com que o partido tenha a imagem de um "guardião
da governabilidade", diz a revista. "Um banqueiro (pró-PSDB) diz que o
PMDB é uma razão pela qual o Brasil nunca será a Venezuela." (Estadão).
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