Há mais coisas a aproximarem Lula, Fernando Collor e Eduardo Cunha do que possa supor a vã imaginação.
Primeira: são amorais. Não existe o certo e o errado para eles, existe o que lhes convém.
Segunda: amam o poder acima de tudo, da família, dos amigos, dos parceiros.
Terceira, e paremos por aqui: no
momento, reclamam da Justiça como se fossem perseguidos por ela. Quem
não os conheça que os compre!
Na última sexta-feira, Lula entrou
com reclamação no Conselho Nacional do Ministério Público pedindo a
suspensão de inquérito aberto contra ele pelo Ministério Público
Federal. Conseguiu que o inquérito corra em segredo.
Lula é suspeito de tráfico de
influência para favorecer aqui e lá fora a construtora Odebrecht, o
maior cliente do BNDES, banco movido a dinheiro público.
A Odebrecht é também o maior cliente
de Lula desde que ele deixou a presidência da República e se tornou
lobista e palestrante de quem lhe pague, por vez, R$ 300 mil para falar
bem de si mesmo e dos seus governos. Do governo de Dilma, não, porque
ele está no “volume morto”.
Lula continua um cara de pau. Disse outro dia: "Se tem um brasileiro indignado sou eu. Indignado com a corrupção."
Ainda na presidência, Lula não se
constrangia em pedir favores às construtoras, hoje enroladas com a
roubalheira na Petrobras. Desde favores pequenos do tipo o empréstimo de
um helicóptero para transportar parte da comitiva dele, a favores
milionários que o beneficiariam diretamente.
Foi assim que se tornou devedor de Léo Pinheiro, presidente da OAS, preso em novembro último.
Pinheiro não cobrou um tostão para
terminar a construção de um apartamento tríplex de Lula no Guarujá (SP).
Nem mesmo para reformar inteiramente o cinematográfico sítio que Lula e
a família frequentam em Atibaia (SP).
Amigos de Lula o defendem com a
desculpa de que ele procede como ex-presidentes dos Estados Unidos que
ganham a vida na condição de lobistas e palestrantes.
É fato que ganham. Com algumas diferenças. A menor: ex-presidentes americanos não escondem o lobby que fazem. Lula, sim.
A maior diferença: ex-presidentes
americanos não podem ser candidato a mais nada. Lula pode. Que tal
devolvermos ao poder um ex-lobista de empreiteiras que enriqueceu a
serviço delas? Já pensaram? Não seria algo promíscuo? Ou deveras
arriscado?
Perguntem a Collor o que ele
acharia. Não perguntem. Seria perda de tempo. De adversário visceral de
Lula, a quem derrotou na eleição de 1989, Collor passou a seu aliado
ganhando em troca duas diretorias da BR Distribuidora, uma subsidiária
da Petrobras.
Deu-se bem. Muito bem. Somente em
dois contratos ali, embolsou R$ 23 milhões. Mais do que o valor de toda a
sua fortuna declarada à Justiça.
Do alto da mais cara frota
particular de carros importados de que se tem notícia no país, Collor
miou em discurso no Senado: “Fui humilhado. O Poder Legislativo foi
humilhado”.
Queixava-se depois que seus
endereços em Brasília haviam sido revistados por ordem do Supremo
Tribunal Federal (STF). O falso caçador de marajás acabou caçado como o
mais descarado e ambicioso deles.
Para competir com Collor e Lula em
matéria de desfaçatez, somente Eduardo Cunha. Acusado de ter recebido 5
milhões de dólares de propina, Cunha rompeu com o governo que nada teve a
ver com isso.
E bateu no Procurador Geral da
República por lhe faltar coragem para bater no STF, que o investiga.
Ameaça usar o cargo de presidente da Câmara para azucrinar Dilma. Com
medo, blefa.
É outro, como Collor, cujo destino é rolar ladeira abaixo. (Ainda não estou certo do destino de Lula).
Cunha é um político provinciano, que só chegou aonde está porque ruiu a qualidade de nossos representantes no Congresso.
Serviu a interessados em derrubar o governo enquanto extraía vantagens do mesmo governo.
Em breve, quando virar réu em processo no STF, não servirá para mais nada.
*Texto de Ricardo Noblat
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